Setor imobiliário sai do fundo do poço e deve impulsionar economia em 2020
Construção cresce o dobro do PIB neste ano e , aliada ao juro menor, puxa fundos atrelados a imóveis
O setor imobiliário brasileiro foi um dos poucos que deram sinais claros de recuperação em 2019. A expectativa é que a construção civil encerrará este não com crescimento de 2%, o dobro da previsão para a expansão da economia, que gira em torno de 1%.
Especialistas ouvidos pela reportagem estão otimistas. Desde 2013, a construção civil não crescia acima do PIB (Produto Interno Bruto).
Segundo eles, o setor está sendo considerado o motor de crescimento da economia para o próximo ano. A expectativa é que o avanço da construção chegue a 3%.
Pode parecer pouco, mas o mercado imobiliário está em recessão há seis anos. Atualmente, o setor está 30% abaixo do nível máximo verificado no início de 2014.
Mas o otimismo é justificado com o desempenho crescente neste ano.
Em 2019, o setor imobiliário foi responsável pela geração de 10% dos novos postos de trabalho com carteira assinada do país.
Na quarta-feira (19), o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgou que foram criados 948 mil postos de trabalho com carteira assinada neste ano.
Segundo dados da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), a construção civil foi responsável pela criação de cerca de 117 mil novos postos de trabalho neste ano, o que corresponde a 13% de todas as vagas geradas em 2019.
Ainda de acordo com os dados do Caged e da Cbic, no mês de novembro o país tinha 39,4 milhões de pessoas com carteira assinada. Desse total, a construção civil foi responsável por 2,09 milhões. O que significa que representa 5,32% do número total de empregados.
"O número pode parecer pequeno, mas precisamos lembrar que isso vem no primeiro momento em que o setor começa a repor suas atividades", diz Ieda Vasconcelos, economista da Cbic.
A economia destaca que durante os anos de retração quase 1 milhão de postos de trabalho com carteira assinada foram perdidos no setor.
"Em 2019, o setor começa a retomar suas atividades. Claro que é uma recuperação inicial, não é do patamar que foi perdido. Ainda assim, esse incremento de 2% deste anojá foi capaz de fazer essa movimentação no mercado de trabalho. Esse dado sinaliza a importância do setor", afirma Vasconcelos.
Para ela, os dados evidenciam a força da construção na geração de emprego. "É por meio do emprego que é possível ter renda. O crescimento da economia provoca maior crescimento da construção, que provoca maior geração de emprego e renda, que provoca o crescimento da economia. Isso gera um círculo virtuoso", afirma.
Outro fator importante para o crescimento do setor é a Selic (taxa básica de juros) no menos patamar histórico. Os juros a 4,5% ao ano reduziram o custo do crédito imobiliário.
A queda desses juros pode permitir a inclusão de milhares de pessoas no sistema de crédito.
Segundo estudo feito pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), a cada ponto percentual de redução nos juros imobiliários, pelo menos 2.8 milhões de famílias passariam a ter condições de contratar esse tipo de crédito.
Mas não são os canteiros de obras que justificam a alcunha de locomotiva da economia dada ao setor imobiliário.
Com a taxa Selic e a inflação nos patamares que se encontram atualmente, um investimento de renda fixa ou poupança pode ter taxa de rendimento próxima de zero ou até mesmo negativa. Por isso, os fundos imobiliários passaram a ser produtos mais atrativos.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/12/setor-imobiliario-sai-do-fundo-do-poco-e-deve-impulsionar-economia-em-2020.shtml