Tempo Livre Para Crianças é Sinônimo de Preocupação Para os Pais
Para psicóloga, férias são sim o
momento para a garotada relaxar e brincar, mas não sem a devida orientação dos
pais para situações de risco que existem, sejam na vizinhança ou no mundo
virtual da internet
Deivid Souza, da Comunicação Sem
Fronteiras
Com livros e cadernos deixados de lado, a prioridade da criançada
durante o período de férias em dezembro e janeiro é sem dúvida a diversão. Mas
enquanto para a meninada é hora de brincar e relaxar, para os pais e
responsáveis o momento é de preocupação: o que fazer para os pequenos ocuparem
o tempo de forma lúdica e ao mesmo tempo segura?
Para a psicóloga Lorena Dias, esse tempo livre das crianças é muito
importante para o seu desenvolvimento, mas ao mesmo tempo requer cuidados. Para
a grande maioria dos pais pode realmente ser cômodo, neste período de férias,
deixar os filhos mais livres para explorar a vizinhança.
Segundo a especialista, no caso das famílias que residem em condomínios,
as áreas comuns são um atrativo para as crianças. Mas ela alerta que isso pode
coloca-las em contato com pessoas desconhecidas. “Geralmente, os abusos são
praticados por pessoas próximas, um familiar ou um vizinho. Alguém que, de uma
forma ou de outra, está próximo da criança se relaciona com ela”, explica
Lorena.
Como não é possível estar ao lado das crianças 24 horas por dia, a
psicóloga esclarece que os pais precisam saber orientar os filhos. “É preciso
orientar o tipo de conversa e abordagem que as pessoas mal-intencionadas fazem
com as crianças, e passar isso respeitando a linguagem dessa criança, é claro”,
defende Lorena.
Só este ano, entre janeiro e junho, o Disque 100, serviço da Secretaria
de Direitos Humanos da Presidência da República, recebeu 1.311 denúncias de
violação de direitos de crianças no País. Em todo ano de 2016 foram 2.210
registros.
Mundo virtual
Outra comodidade para os pais é deixar os filhos, neste período de
férias, com livre acesso à internet. Mas segundo psicóloga, também nesse tipo
de situação, se não houver a devida orientação, pode haver aí um grande risco
de que meninos e meninas tenham contato com pessoas mal-intencionadas.
A especialista explica que os responsáveis devem ficar atentos ao que a
criança acessa na internet. “Não penso que seja a questão de proibir. Afinal, a
criança também se comunica e ter um acesso maior à tecnologia é uma
transversalidade que nós temos que gerenciar”, avalia.
Esse cuidado, diz Lorena, pode ser feito de várias formas. “Uma forma de
lidar com isso é saber quanto tempo a criança utiliza o celular, tablet ou
computador e saber que tipo de assunto ela desenvolve, quais são as amizades.
Talvez, essa seja uma forma dos pais se aproximarem mais do filho, saber suas
preferências e assuntos de interesse”, orienta Lorena.
Tanto cuidado com o acesso
das crianças à internet não é à toa. Um levantamento da Safernet, ONG que luta
contra crimes virtuais, apontou a pornografia infantil como a prática ilegal
mais comum registrada em 2013 na rede mundial de computadores.