Quer comprar imóvel em 2020? Veja se vai ser um bom ano para financiar a casa própria
O cenário combina oferta de imóveis com preço
ainda atrativo, perspectiva de alta e taxas de juros baixas
Está pensando em comprar
imóvel neste ano? Não é só você. Uma pesquisa feita pela Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas (Fipe) e pelo Grupo Zap mostrou um crescimento expressivo
de potenciais compradores de imóveis entre o segundo e o terceiro trimestre de
2019.
Os respondentes que declararam
intenção em adquirir imóveis nos próximos meses passaram de 26% para 38%. Uma
boa parte (33%) projeta que os preços dos imóveis se manterão estáveis nos
próximos 12 meses, enquanto 30% espera elevação e 15%, queda.
Em 2019, o mercado imobiliário
ensaiou uma recuperação, mas ainda viveu certo marasmo. No ano, o preço dos
imóveis residenciais ficou estável, segundo o Índice FipeZap. Considerando a
inflação prevista de 4,13% para os últimos 12 meses, segundo o IPCA, o índice
apresentou queda real de 3,97% no mesmo período.
Já o preço de locação dos
imóveis residenciais, que reagem mais rápido à melhora da economia, começou a
subir. Nos últimos 12 meses encerrados em novembro, o aluguel acumulou alta de
5,03% e a inflação, de 3,27%. Houve uma alta real de 1,70% no período.
“Vemos uma retomada da demanda
para locação, que resulta em um aumento de preço ainda tímido, e esperamos uma
retomada na alta de preço para venda para este ano, alinhada com a inflação”,
diz Bruno Oliva, economista da Fipe e pesquisador do Índice FipeZap.
O aumento da demanda por
imóveis vem na esteira de uma melhora na confiança de consumidores e no nível
de renda, com a queda do desemprego, mesmo que a passos lentos. Diante da
expectativa de aumento nos preços dos imóveis nos próximos anos, 2020 vai ser
um bom ano para comprar uma casa ou um apartamento para morar, antes que os
valores subam ainda mais. Mas não é para correr.
“Os preços vão subir, mas
devagar. Não vai ser uma disparada. É mais valioso gastar tempo escolhendo um
bom negócio do que se desesperar para comprar”, diz Oliva.
Em São Paulo, outros fatores
devem contribuir para a alta dos preços dos imóveis. Mudanças no plano diretor,
em 2014, e a nova lei de zonemento, de 2016, devem aumentar os custos das
incorporadoras para construir projetos aprovados a partir de agora, o que deve
respingar em consumidores.
“A tendência é que os preços
subam em função do aumento da demanda de consumidores e principalmente da alta
dos custos para construir, mas não vai ser um aumento enorme”, diz Basilio
Jafet, presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).
Mais
financiamento, com juros mais baixos
Em 2019, houve uma retomada
dos financiamentos imobiliários com recursos da poupança para pessoas físicas.
Essa modalidade de crédito atingiu R$ 76,1 bilhões nos últimos 12 meses
encerrados em novembro, alta de 38,3% em relação ao apurado nos 12 meses
anteriores.
“O mercado está voltando em um
ritmo forte e consistente, e a expectativa é que em 2020 esse ritmo se
mantenha”, diz Cristiane Portella, presidente da Associação Brasileira das
Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Com a queda da taxa básica de
juros da economia, a Selic, as taxas de juros dos financiamentos imobiliários
também caíram. O Custo Efetivo Total (conhecido como CET, que inclui os juros e
outras taxas embutidas no financiamento) médio para financiar um imóvel de R$
750 mil nos cinco maiores bancos caiu de 9,58% ao ano, em janeiro de 2019, para
8,18% ao ano, em dezembro, segundo o site Melhortaxa.
Isso significa que, para quem
financiou R$ 750 mil do valor de um imóvel em janeiro em 2019, a primeira
prestação ficou em média em R$ 6.910,32, para um prazo de 360 meses. Já para
quem financiou o mesmo imóvel, pelo mesmo prazo, em dezembro, a primeira
parcela era quase 11% menor, de R$ 6.172,56, em média. Dá uma economia de R$
133 mil ao longo dos 30 anos de parcelamento.
“Estamos trabalhando com um
nível de taxa de financiamento bem baixo no Brasil, que cabe no bolso das pessoas.
Em um financiamento de 30 anos, qualquer redução de taxa tem um impacto
importante na prestação e coloca mais pessoas no jogo”, diz Cristiane.
Em 2020, as taxas de juros dos
financiamentos imobiliários tendem a ficar em um patamar parecido com o que
estão hoje. Segundo especialistas, a queda deve perder fôlego, porque não há
espaço para os juros caírem muito mais do que já caíram.
“Este será um ano tão bom ou
melhor do que 2019 para comprar imóvel. Temos a combinação perfeita de oferta
de bons imóveis com preço ainda atrativo e perspectiva de alta, com taxas de
juros que cabem no bolso”, diz Cristiane.
Como
fechar um bom negócio
Não tem muito milagre. O jeito
para fechar um bom negócio é procurar, procurar e procurar, gastando tempo em
busca de um imóvel como o desejado, por um preço que caiba no bolso. Há espaço
para negociar um desconto de 10%, em média, em relação ao valor ofertado,
segundo a Fipe.
Com a maior oferta de crédito,
também é um bom momento para bater na porta de diferentes instituições
financeiras e escolher com calma a melhor taxa oferecida. Vale lembrar que é
preciso comparar o Custo Efetivo Total (CET), que inclui os juros e outras
taxas embutidas.
“Juros é importante, porém o
que decisivo é o Custo Efetivo Total. Compare, compare e compare. Reduzir R$
200 na parcela por 30 anos tem um impacto gigante para a família e para a
economia”, diz Rafael Sasso, cofundador do site Melhortaxa.
Fonte: https://valorinveste.globo.com/produtos/imoveis/noticia/2020/01/08/quer-comprar-imovel-em-2020-veja-se-vai-ser-um-bom-ano-para-financiar-a-casa-propria.ghtml