Queda de juros de financiamento aquece mercado imobiliário
Câmara Brasileira da Indústria
da Construção registrou avanço de 9% nas vendas e de 4% nos lançamentos residenciais
no país no primeiro trimestre.
O setor imobiliário começa a
dar sinais de recuperação. E um dos motivos é a queda dos juros dos
financiamentos.
No horizonte, a paisagem
vertical de São Paulo vai ganhar mais uma torre. Num dos 18 andares, o futuro
apartamento da empresária Flávia Bozian. Ela parcelou uma parte com a
construtora e pretende financiar o resto com o banco.
“Vai ser meu primeiro
apartamento. Vou estar mudando para algo novo, algo meu, junto com meu marido”.
Flávia é protagonista da
recuperação de um setor estratégico: o imobiliário.
Depois de bater recorde em
2014, e cair no precipício, o financiamento de imóveis com recursos da poupança
voltou a crescer em 2018 e, apesar de ainda longe dos melhores tempos, acelerou
o ritmo agora.
Nos primeiros cinco meses de
2019, o volume cresceu quase 40% e ultrapassou R$ 27 bilhões. Esse dinheiro
financiou a compra de 104 mil imóveis no país, 31% a mais do que no mesmo
período de 2018.
Em São Paulo, as vendas de
imóveis novos cresceram 27% e o número de lançamentos, 60%. Isso inclui
apartamentos populares, como os do Minha Casa Minha Vida, e também de médio e
alto padrões.
No país, a Câmara Brasileira
da Indústria da Construção registrou avanço de 9% nas vendas e de 4% nos
lançamentos residenciais no primeiro trimestre.
Não é um negócio qualquer. Os
valores são altos. Por isso, a compra de um imóvel envolve vários fatores como
a renda das pessoas, a confiança no futuro e as condições de crédito. A
pergunta é: num momento de economia fraca e desemprego alto, o que explica esse
apetite por imóveis?
Fomos em busca da resposta num
empreendimento com apartamentos de R$ 370 mil a mais de R$ 1 milhão. Um mês e
meio depois do lançamento, 70% das unidades foram vendidas. O diretor Sérgio
Marão atribui o sucesso à queda dos juros.
“O comprador, o investidor,
ele desloca esse dinheiro ele num CDI, numa aplicação e acaba comprando,
investindo no imóvel. E também a queda nos juros do financiamento para o
mutuário, para conseguir adquirir o apartamento via financiamento bancário”,
disse.
Os últimos dados do Banco
Central mostram que a taxa média do financiamento imobiliário está em 7,8% ao
ano.
“O acesso ao crédito voltou,
os juros estão bastante baixos, a confiança, melhor do que já esteve, ainda não
nos patamares mais altos, mas parece que está voltando, e a renda para quem se
mantém empregado ainda está disponível”, explicou Eduardo Zylberstajn,
pesquisador da Fipe.
Como ainda tem muito imóvel
vazio, apesar do aumento das vendas, os preços praticamente não subiram no
primeiro semestre.
Flávia aproveitou o momento e conseguiu um desconto. “Eu não levantei da mesa enquanto a gente não fez o valor que eu pretendia que fizesse. E no caso foi o que foi feito aqui”, conta.
Fonte: G1