Fofoca pode minar convivência social
Especialista afirma controlar o impulso
de falar do outro é uma regra básica de convivência
Da Comunicação Sem Fronteiras, por Deivid Souza
Dar um bom dia no elevador ou na portaria é um ato
de educação que ajuda na boa convivência com outros condôminos e que não
ultrapassa o direito individual de cada um. Mas tecer comentários que dizem
respeito a questões particulares de outros condôminos é um mau hábito que
precisa ser evitado. Por isso, uma orientação dada em muitos condomínios é que
os moradores conversem com o porteiro e outros funcionários do residencial
somente o necessário, sob a pena de não só atrapalhar a boa convivência, mas
também de ser alvo dessa prática condenável por especialistas.
Para a psicóloga organizacional e do trabalho e gerente de Recursos
Humanos do Sindicato dos Condomínios e Imobiliários (Secovi-GO), Lígia Leite,
prestar a atenção na vida do outro é algo, de certa maneira, até natural no ser
humano, que desde muito tempo observa o comportamento do outro, seja para
aprender algo, para copiá-lo ou para criticar. Porém, a especialista afirma que
controlar o impulso de falar do outro é uma regra básica de convivência em
condomínios residenciais. “Convenhamos que a maior parte das fofocas não
é feita de elogios a determinada pessoa, mas sim de críticas”, afirma a
psicóloga.
Lígia Leite afirma que, geralmente, a pessoa que fofoca não se vê como
uma fofoqueira, por isso a dificuldade em encontrar um caminho para se livrar
do problema. “Acredito que seja importante, fazermos um exercício diário, do
quanto eu julgo as pessoas a minha volta, do quanto eu tenho feito comentários
maldosos e desastrosos, sem de fato conhecer a realidade alheia”, pontua.
Transtornos
Síndico do Condomínio Ibirapuera, um dos empreendimentos que integram o
Complexo residencial Eldorado Parque, Raphael Carmona conta que a fofoca já lhe
trouxe transtornos. Ele relata que uma vez um morador se aproximou do porteiro
e manteve uma relação pessoal com o mesmo, e a partir disso, começaram os
comentários sobre os outros moradores. “Comentários que iam para portaria saiam
de lá e vice-versa. Era algo muito chato”, afirma.
Por causa disso, ele constantemente orienta os profissionais do
condomínio para evitar as conversas desnecessárias. “Mas com o condômino não
tem como. Nós até pedimos, mas não tem como controlar”, pontua. Em uma das
situações mais críticas, informações repassadas à equipe estavam ‘vazando’.
Resultado: o porteiro teve que ser dispensado.
No condomínio, dependendo com quem se trava uma conversa você pode até mesmo comprometer a segurança de uma pessoa, fornecendo sem querer detalhes sobre a rotina de alguém ou então tirando a atenção dos funcionários do prédio, como porteiros e vigias. “O repasse de informações pelos servidores ou condôminos a terceiros pode trazer algum transtorno e pode interferir na segurança do morador e da própria administração do condomínio como um todo”, afirma o síndico.