Especialista dá dicas de como cultivar a boa convivência em condomínios
Uma das coisas mais importantes nessa relação com os vizinhos é conhecer todos os seus direitos e deveres dentro do condomínio. Segundo o advogado imobiliário Leonardo Avelino, ter uma convenção de condomínio e um regimento interno claros e objetivos ajuda a resolver mais facilmente os possíveis conflitos
Uma pesquisa realizada no ano passado pelo Instituto Datafolha na cidade de São Paulo aponta que os conflitos entre vizinhos são a principal alegação para quem ainda resiste em morar em condomínios. De acordo com o levantamento, a dificuldade de convivência com os vizinhos está em primeiro lugar na lista de irritações e incômodos, com 9% das respostas dadas pelos entrevistados. Na sequência, vêm itens como valor do condomínio (8%), barulho (8%), o que muitas vezes é gerado por vizinhos, e falta de área de lazer (8%).
Mas o advogado imobiliário do Sindicato da Habitação em Goiás (Secovi -GO), Leonardo Avelino, afirma que conviver em harmonia com os vizinhos não é uma tarefa tão difícil assim e lembra uma das coisas mais importantes nessa relação é cada um conhecer seus direitos e deveres dentro do condomínio. “Dessa forma, poderá cobrar e também contribuir para uma convivência amigável e saudável com os vizinhos”, afirma.
O especialista explica que quase sempre os problemas de convivência nos condomínios são ocasionados por moradores que extrapolam do seu direito de propriedade, interferindo ou ofendendo o direito de terceiros. O advogado esclarece que ter uma convenção de condomínio e um regimento interno claros e objetivos ajuda a resolver mais facilmente os possíveis conflitos que irão surgir. “Está no regimento interno ou na convenção de condomínio é para ser seguido, sem complicação. Se faz diferente está indo contra as normas e pode ferir o direito do outro. Nesse caso, o síndico ou o vizinho podem te acionar o condômino que está infringindo a regra, seja com advertência ou até mesmo judicialmente, tudo dependerá da gravidade do problema”, ressalta.
Para o especialista, uma participação efetiva dos condôminos também ajuda saber onde começam e terminam os direitos e deveres de cada um. “Você pode e deve cobrar melhorias ou as coisas que está vendo de errado, mas precisa ser ativo nas reuniões e colaborar com o síndico para o bom funcionamento de tudo, essa cooperação de todos é o que tornará o ambiente igualitário e bom para todos”, ressalta.
Transparência
Leonardo explica que uma das principais reclamações que recebe por parte de moradores de condomínios é a falta de transparência do síndico. “Existe uma solução muito prática para esse problema, que é tornar tudo mais acessível para consulta, despesas, receitas, contratos”, diz.
Barulho
Outro fator causador de muitas brigas e discussões são os ruídos fora do horário ou acima do limite permitido. “Essa é uma das mais recorrentes reclamações. Nesse caso é preciso checar se é um incômodo apenas para o vizinho do lado ou para todos. Depois é preciso saber que cabe ao síndico intervir ou não. O mesmo se aplica para vagas de garagem, e outros problemas. Nem sempre o síndico deve tomar para si essa briga entre vizinhos, se for algo pontual os condôminos devem resolver entre si, ele pode tentar mediar, mas não é uma obrigação dele. O síndico deve resolver situações da coletividade”, explica.
A corretora de imóveis Jacqueline Souza Silva, 40 anos, mora no Residencial De La Flor há quase dois anos e conta que por sair cedo de casa e voltar só à noite nunca teve grandes problemas com a vizinhança, mas que toma algumas precauções para não ter infortúnios. “Sigo as regras do condomínio, e espero o mesmo dos meus vizinhos. Meu cachorro, por exemplo, sempre foi acostumado a morar em casa então para evitar muito incômodo aos demais não o trouxe para o apartamento, deixei na casa da minha mãe. Acho que todos deveriam pensar assim, no bem comum que dá mais certo”, diz.
Segundo as normas
A administradora Ana Flávia Sales Brandão, 30, mora há três anos no Residencial De La Flor e para ela, vale a regra do meu direito acaba onde começa o do meu vizinho. “ Procuro seguir as normas, respeitar os horários e situações do dia a dia para evitar conflitos desnecessários e multa, porque ela vem sem aviso prévio com o descumprimento do manual de conduta do morador”, ressalta.
Ela lembra que no condomínio onde mora esse manual conta com 30 páginas, além de ser entregue ao morador no ato de chegada, é repassado verbalmente “Nas reuniões de condomínio também repassamos, por isso acho que quem desobedece as normas o faz ciente, então é preciso ficar atento. Morar em prédio é ser responsável pelo bem-estar do outro também”, ressalta.
Matéria elaborada por Comunicação Sem Fronteiras