Durante o FNNIC, ministro do MDR anuncia novas ações para o Casa Verde e Amarela
No primeiro dia de realização do Fórum
Norte-Nordeste da Indústria da Construção (FNNIC), que aconteceu no dia 12 de
agosto, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, anunciou novas
medidas para o programa habitacional Casa Verde e Amarela, que devem entrar em
vigor na primeira semana de setembro.
O evento, que contou com a participação da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), foi realizado de forma
híbrida, em Maceió (AL). Ainda estiveram presentes o presidente da CBIC, José
Carlos Martins, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos, e o
senador Zequinha Marinho, entre outras autoridades e representantes das
principais entidades do setor.
Entre as medidas anunciadas pelo ministro,
está o aumento no limite das faixas de renda, em função do desequilíbrio que
aconteceu na pandemia. “No faixa 1 subsidiado faremos um aporte para as obras
que precisam ser concluídas e vão definir o limite cronológico por conta da
variação do preço dos materiais para que haja solução de continuidade e as
obras sejam entregues”, disse.
O ministro afirmou que está fazendo
tratativas também sobre aluguel social, uma modalidade já existente em diversos
países. Segundo Marinho, é uma alternativa para, por meio de parcerias
público-privada, construir imóveis e alugá-los. “Isso é uma tendência no mundo,
principalmente para a população de baixa renda e para os idosos”, relatou.
O chefe do MDR anunciou ainda que o
ministério trabalha na questão de seguro pós-obra e que a ação está em
negociação com a Caixa Econômica Federal.
O objetivo, destacou Marinho, é estimular a concorrência no setor.
“Qualquer país do mundo, que tenha responsabilidade e maturidade das suas respectivas
economias, sabe da importância de trabalhar com seguros de obras públicas. Isso
é um compliance privado, que permite maior confiabilidade no setor e nós
gostaríamos, inclusive, de implantá-lo no conjunto de obras públicas”,
explicou.
O ministro ressaltou que, com o Novo Marco do
Saneamento, já há concessões e leilões formatados e concretizados com um total
de quase R$ 70 bilhões. “Essa é a expectativa que temos para o setor que vai
certamente catapultar, impulsionar e oferecer milhares de oportunidades na área
da construção civil”, afirmou.
Falando sobre a importância social da
indústria da construção, Rogério Marinho destacou que “uma casa é muito mais do
que parede, teto. A casa é o esteio da família. É o princípio onde você começa
e acolhe. É o porto seguro. A cidadania plena só se dá quando esse direito é
ofertado. E feliz do governante que consegue propiciar esse momento”.
Pautas
legislativas
Para falar sobre as pautas legislativas para
o Norte e Nordeste, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos,
fez uma retrospectiva sobre os temas em tramitação no Congresso Nacional que
tiveram sucesso em parceria com a CBIC. O parlamentar mencionou a aprovação da
Lei do licenciamento ambiental, do projeto de debêntures incentivadas para a
infraestrutura e a derrubada de veto dentro da Lei de Licitações.
Sobre as pautas em andamento, o deputado
destacou o projeto sobre vícios construtivos para garantir e estabelecer prazos
para as garantias e o prazo decadencial, além de criar mecanismos de um sistema
de seguro. Segundo o parlamentar, a situação gera insegurança, encarece os
negócios e gera imprevisibilidade tanto para o investidor quanto para o
comprador.
Marcelo Ramos anunciou que, nas próximas
semanas, a Câmara deve aprovar o projeto de lei que visa pacificar a decisão do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) no tema 1010, que trata das áreas de
preservação permanente em áreas urbanas consolidadas.
Ramos ainda defendeu que um ambiente de
negócios saudável para a construção civil é “emprego na veia”. “É melhoria da
vida do povo brasileiro na veia. Já um ambiente de negócios hostil para a
construção civil é desemprego, falta de moradia, falta de obras de
infraestrutura. Não são obras, são empregos, comida, vestuário, mudança efetiva
na vida das pessoas. Portanto, esse é um segmento fundamental da economia do
país”, enfatizou.
Sobre a reforma do Imposto de Renda, em
discussão na Câmara, o parlamentar reiterou que é necessária uma reforma
neutra, que simplifique e não complique. Ainda disse que o lucro presumido é um
instrumento fundamental de simplificação do sistema tributário. “Dizer que o
Brasil é um país que paga muito imposto é uma verdade absoluta para pobres,
para a classe média e para empreendedores. E uma mentira absoluta para os grandes
especuladores do mercado. Isso sim nós precisamos enfrentar com coragem, com
equilíbrio e com diálogo”, concluiu.
O
endereço é o RG da família
O presidente da CBIC, José Carlos Martins,
participou da abertura do FNNIC e disse que a indústria da construção é a do
bem-estar social, que deixa “alegrias e empregos”. “Quando a gente faz uma
indústria, quando você vai embora, você deixa milhares de empregos lá dentro.
Quando faz uma ponte, você melhorou a produtividade daquela região e terá mais
produtividade também do local. Quando você faz uma casa, o endereço é o RG da
família. Casa é fundamental”, disse.
Sobre o enfrentamento da crise durante a
pandemia pelo setor da construção, Martins afirmou que foi priorizado o ser
humano. “Como enfrentamos a crise é algo admirável. No primeiro instante, nós
priorizamos o ser humano, que são as pessoas que trabalham conosco. Nós
cuidamos com protocolos, levando o nosso próprio trabalhador como um vetor para
levar às suas comunidades a parte de higiene, a questão sanitária, de saúde.
Foi um trabalho grandioso. Nós todos temos que ter muito orgulho de termos
preservado tantas vidas”, mencionou.
Cenário
econômico
O presidente da Comissão de Habitação de
Interesse Social da CBIC, Carlos Henrique Passos, e Allan Vieira, do FNNIC,
apresentaram trabalho de viabilidade econômica do programa Casa Verde e Amarela
para o Norte e Nordeste.
Foi demonstrado o desempenho de financiamento
por região, com destaque de crescimento para a região Sudeste. Em 2015, foram
financiados R$ 16,9 bi e em 2020, R$ 27 bi. Já a região Nordeste contou, em
2015, com R$ 8,7 bi e em 2020, com R$ 7,6 bi. Os dados consideram apenas as
habitações de interesse social.
Além disso, foi realizada uma análise da
distribuição orçamentária comparando o total orçado com o realizado durante os
anos de 2011 e 2020. Em todo o período, as regiões Norte e Nordeste realizaram
menos do que o orçado. “A consequência desse resultado é a perda de
investimentos e de empregos, aumento do déficit habitacional e transferência de
recursos para outras regiões, gerando um grande desequilíbrio no programa
habitacional”, disse Allan Vieira.
O valor orçado para a região Norte em 2020
foi de mais de R$ 5 bi. No entanto, o valor realizado foi de R$ 1,2 bi. Já na
região Nordeste, o valor orçado chegou a R$ 12,8 bi, mas apenas R$ 7,7 bi foram
realizados, resultando em uma perda de R$ 5,1 bi. Para eles, os programas não
vêm cumprindo integralmente seu papel social. De acordo com o estudo, poderiam
contribuir mais com a classe de baixa renda e proporcionar ao trabalhador o
acesso à moradia digna.
No estudo foram destacados pontos como: os
grandes centros demonstraram aumentos significativos nos últimos anos; e do
total realizado em 2020, 83% foram aplicados em financiamento em rendas mais
altas e somente 17% foram para rendas de até dois salários mínimos.
Entre as propostas apresentadas para o
equilíbrio do Programa Casa Verde e Amarela estão: ajustes do subsídio; aumento
do percentual de financiamento do valor do imóvel de 80% para 90% e a correção
do impacto negativo da diminuição do percentual de endividamento do cliente de
30% para 24% sobre a renda.