De volta às origens: bairros planejados resgatam característica original do urbanismo da capital
Planejada para 50 mil habitantes, Goiânia alcançou mais 1,3 milhão de habitantes e crescimento desordenado se tornou uma das marcas da capital goiana. Bairros planejados buscam solucionar problema com novas centralidades em regiões mais distantes do centro
O plano urbanístico de Goiânia desenvolvido por Attilio Corrêa Lima, desenvolvido entre 1933 e 1935 já demonstrava que a capital goiana seria uma cidade planejada e organizada. Inicialmente planejada para 50 mil habitantes, Goiânia já alcançou mais de 1,3 milhão de habitantes e grande parte do planejamento inicial se perdeu ao longo dos anos, ganhando uma característica das grandes cidades: o crescimento desordenado.
Paulo Renato ainda afirma que a construção dos bairros planejados têm se tornado tendência no mundo. Um dos exemplos é o lançamento de um projeto imobiliário neste ano em Nova York de US$ 25 bilhões, o Hudson Yards, que contará com shopping center, galerias de arte, prédios comerciais e residenciais. Quando terminado, contará com 16 edifícios construídos em 113 mil metros quadrados no West Side de Nova York. "Ninguém faz um empreendimento desse valor se não for uma tendência concreta", destaca Paulo Renato.
Em Goiânia, o primeiro bairro planejado vertical foi o Residencial Eldorado, localizado na região Sudoeste da capital. A implantação dos residenciais na região começou nos anos 1990 em uma área de 340 mil metros quadrados. Hoje, o bairro conta com mais de 5 mil famílias (cerca de 15.600 moradores) e se tornou um case de ocupação e desenvolvimento urbano.
De acordo com o diretor da Tropical Urbanismo, Paulo Roberto da Costa, que desenvolveu o bairro juntamente com as construtoras CMO, Engel e Dinâmica, os benefícios da implantação dos bairros planejados vão além da ocupação de vazios urbanos e da atração do comércio para regiões afastadas do centro da capital. "Antes, a avenida [Milão], que dava acesso à área onde foi edificado o bairro, dava no nada, morria de frente para o pasto. Com a construção do bairro planejado e a chegada dos novos moradores, o comércio se desenvolveu nessa avenida e se tornou um grande shopping center a céu aberto", disse o diretor ao se referir ao empreendimento finalizado em 2015 e que conta com 21 residenciais com 71 torres.
Paulo Roberto ainda destaca que o crescimento dos bairros planejados contribui com o poder público ao planejar e estruturar os bairros. "A prefeitura, por exemplo, não precisa aplicar dinheiro público na implantação porque o investimento acaba sendo as empresas e ainda acaba arrecadando mais impostos", destaca o diretor, que estima que cerca de 15% da região metropolitana de Goiânia é mantida pela iniciativa privada.
Planejamento
Outro projeto que segue esse conceito e se inspirou no Residencial Eldorado está tomando forma no Bairro Parque Oeste Industrial. Trata-se do Eldorado Parque, complexo que já conta conta com sete residenciais, sendo seis prontos para morar e um na planta. No projeto atual, o complexo contará com 25 quadras com projeção estimada em mais de 7 mil unidades a serem lançadas no Parque Oeste Industrial.
De acordo com o diretor da Dinâmica Engenharia, Mário Valois, as formações de bairros e complexos planejados contribuem para a formação de novas centralidades. "Há alguns anos, a região onde está sendo construído o Eldorado Parque era um grande vazio urbano, sem grandes sinais de progresso. Com a construção de residenciais na região, os benefícios também tendem a chegar", destaca o empresário.