Cultivo de horta dentro de casa é possível, mesmo morando em apartamento
Com a técnica correta, pequenos espaços
podem ser usados para plantio de vários tipos de temperos e folhagens como
cebolinha, hortelã, couve, alho e alecrim
Com intenso processo de urbanização das
cidades e grande migração das moradias para empreendimentos verticais, o
tradicional hábito de se cultivar folhagens e pequenas hortaliças em casa ficou
esquecido durante um bom tempo, se restringindo às populações do meio rural.
Mas o cultivo de mini-hortas em casa é
uma prática que tem voltado com força total e tem sido uma tendência mesmo em
apartamentos. Com alguns cuidados e técnicas simples dá para ter em casa,
facilmente, itens como cebolinha, alecrim, pimenta, salsa, coentro, hortelã,
alho ou até mesmo tomate-cereja, dependendo da técnica usada e do espaço que se
tem.
Para quem está pensando em montar uma
mini-horta em casa e, com isso, começar um prazeroso hobby, a professora da
Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Abadia dos Reis
Nascimento dá algumas dicas. A primeira delas conhecer e respeitar as
necessidades de cada planta, sobretudo, quantidade de luz e irrigação.
“É preciso chamar atenção para o
ambiente, quais são as plantas de sombra e as de pleno sol. Geralmente, as
nossas culturas convencionais precisam de sol, mas tem o exemplos como a
taioba, que é de sombra. Outro ponto é saber a época de cultivo”, explica
Abadia.
Diferente do que muita gente pensa, de
que é preciso ter sempre muito espaço para plantar, a agrônoma esclarece que é
possível ter bons resultados mesmo quando o espaço para cultivo é mais
reduzido. Ela chama a atenção para o método de plantio, que deve ser o ideal
para levar o máximo de nutrientes aos vegetais. “A terra é apenas um meio que
permite o acesso das plantas aos nutrientes. Podemos cultivar as plantas até na
água, com a técnica hidroponia. Porém, é necessário estar atento ao regular
fornecimento desses nutrientes”, ressalta.
Mas nos canteiros, nem tudo são folhas
e flores. Com o cultivo podem aparecer pragas que precisam de controle. Como as
plantas são para pequenos ambientes, dentro de casa, o uso de agrotóxicos não é
recomendado, alerta a professora UFG, uma vez que a aplicação destes representa
perigo aos moradores, em especial crianças e animais domésticos. “No caso da
couve, por exemplo, se a pessoa ver borboletas no local, é sinal que ovos podem
ter sido depositados. Basta lavar as folhas para que os ovos não eclodem e
surjam lagartas”, exemplifica.
Vasos
Segundo Abadia, o local de cultivo pode
ser desde um vaso, um canteiro até uma xícara pendurada na cozinha ou uma
garrafa pet. Conforme a professora, são inúmeras as técnicas de cultivo
disponíveis e cada uma é adequada a um tipo de recipiente ou vaso. Mas ela
lembra que a escolha desse receptáculo que irá abrigar a planta ou as plantas,
dependerá muito do espaço que se tem disponível na residência, de onde se bate
menos ou mais sol, e claro, da espécie a ser cultiva.
Para buscar conhecimento, a internet
tem bons sites. A professora Abadia recomenda o endereço da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuárias (Embrapa). Lá, segundo
ela, estão manuais digitais que podem ser acessados de graça. Os documentos
explicam, com fotos, a época de cultivo, as necessidades de irrigação, luz e
nutrição de cada planta. Há também nos textos os esclarecimentos, em linguagem
acessível, sobre possíveis pragas e doenças e as sugestões para correção.
Hobby
Moradora do Condomínio Villa Lobos, a
ex-funcionária pública Rosangela Rodrigues da Silva, de 49 anos, aproveita o
máximo possível o espaço do apartamento em que reside no Complexo Residencial
Eldorado Parque. Vasos no chão e em aparadores se espalham pela residência. No
local estão hortelã, cebolinha, orquídeas, erva cidreira, entre outros.
O gosto pelo cultivo de plantas, conta
ela, é antigo e a técnica começou a ser desenvolvida ainda na escola. “Quando
eu estudava no segundo grau - atual ensino médio, tive aula de agricultura e
nós tínhamos hortas com cenourinha, cebolinha, etc.”, lembra. Hoje ela valoriza
as plantas que servem para temperos, saladas, sucos e chás, este último, às
vezes, são para curar gripes e resfriados.
Então, se você gostou das dicas, agora
é escolher as espécies de sua preferência e investir nesta atividade que, além
de alimentos, pode render conhecimento e prazer.
Da Comunicação Sem Fronteiras, por Deivid Souza