Banco Central corta Selic em 0,5 p.p. e taxa vai 4,5% ao ano site
Com o anúncio desta quarta, a
taxa de juros atingiu uma nova mínima histórica; comunicado não se compromete
com cortes adicionais.
São Paulo — O Comitê de
Política Monetária do Banco Central (Copom) cortou em 0,5 ponto percentual (p.p.)
a Selic nesta quarta-feira (11). Com o anúncio, a taxa básica da economia foi
de 5% para 4,5% ao ano, uma nova mínima histórica. A decisão foi unânime.
O resultado era amplamente
esperado por economistas e analistas de mercado e vinha sido sinalizado pela
autoridade monetária desde a última reunião do Copom, que ocorreu em 30 de
outubro.
O comunicado deixa em aberto
se a instituição vai continuar reduzindo os juros em 2020 e qual seria o tamanho
de um eventual novo corte.
Sobre isso, o comitê diz em
seu comunicado que “seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da
atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de
inflação”.
Mais detalhes serão conhecidos
com a publicação da ata da reunião de hoje, prevista para a próxima terça-feira
(17).
As expectativas de inflação
apuradas pelo boletim Focus mantém-se controladas. Para 2019, 2020, 2021 e
2022, a previsão é de 3,8%, 3,6%, 3,75% e 3,5%, respectivamente.
O comitê nota ainda em
comunicado que o processo de recuperação da economia brasileira ganhou tração a
partir do segundo trimestre em relação à primeira parte de 2019. “O cenário do
Copom supõe que essa recuperação seguirá em ritmo gradual”, diz.
O corte de hoje é o quarto
consecutivo desde o início do ciclo de afrouxamento monetário iniciado em
julho. Esse movimento começou em meio a uma combinação de desemprego alto,
baixo crescimento econômico, inflação controlada e avanço na agenda de
reformas.
Veja o comunicado na íntegra:
Em sua 227ª reunião, o Copom
decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 4,50% a.a.
A atualização do cenário
básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:
Dados de atividade econômica a
partir do segundo trimestre indicam que o processo de recuperação da economia
brasileira ganhou tração, em relação ao observado até o primeiro trimestre de
2019. O cenário do Copom supõe que essa recuperação seguirá em ritmo gradual;
No cenário externo, a provisão
de estímulos monetários nas principais economias, em contexto de desaceleração
econômica e de inflação abaixo das metas, tem sido capaz de produzir ambiente
relativamente favorável para economias emergentes;
O Comitê avalia que diversas
medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis confortáveis, inclusive
os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária;
As expectativas de inflação
para 2019, 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno
de 3,8%, 3,6%, 3,75% e 3,5%, respectivamente;
No cenário com trajetórias
para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do
Copom situam-se em torno de 4,0% para 2019, 3,5% para 2020 e 3,4% para 2021.
Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2019 em 4,50% a.a., reduz-se
para 4,25% no início de 2020, encerra o ano em 4,50% e se eleva até 6,25% a.a.
em 2021. Também supõe trajetória para a taxa de câmbio que termina 2019 em
R$4,15/US$, 2020 em R$4,10/US$ e 2021 em R$4,00/US$; e
No cenário híbrido com taxa de
câmbio constante a R$4,20/US$* e trajetória de juros da pesquisa Focus,
projeta-se inflação em torno de 4,0% para 2019, 3,7% para 2020 e 3,7% para
2021.
O Comitê ressalta que, em seu
cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as
direções. Por um lado, (i) o nível de ociosidade elevado pode continuar
produzindo trajetória prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, (ii) o
atual grau de estímulo monetário, que atua com defasagens sobre a economia, em
um contexto de transformações na intermediação financeira, aumenta a incerteza
sobre os canais de transmissão e pode elevar a trajetória da inflação no
horizonte relevante para a política monetária. O risco (ii) se intensifica no
caso de (iii) deterioração do cenário externo para economias emergentes ou (iv)
eventual frustração em relação à continuidade das reformas e à perseverança nos
ajustes necessários na economia brasileira.
Considerando o cenário básico,
o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom
decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros para 4,50% a.a.
O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e balanço de
riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da
inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política
monetária, que inclui o ano-calendário de 2020 e, em grau menor, o de 2021.
O Copom reitera que a
conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com
taxas de juros abaixo da taxa estrutural.
O Copom avalia que o processo
de reformas e ajustes necessários na economia brasileira tem avançado, mas
enfatiza que perseverar nesse processo é essencial para permitir a consolidação
da queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da
economia. O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de
reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes.
O Copom entende que o atual
estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária.
O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução
da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de
inflação.
Votaram por essa decisão os
seguintes membros do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto (Presidente), Bruno
Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Fábio Kanczuk, Fernanda Feitosa
Nechio, João Manoel Pinho de Mello, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro
Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza.
*Valor obtido pelo
procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio R$/US$
observada nos cinco dias úteis encerrados na sexta-feira anterior à reunião do
Copom.
Fonte: