A hora do investidor estrangeiro comprar imóveis no Brasil
A
queda na taxa básica de juros, a Selic, estimula cada vez o brasileiro a sair
da zona de conforto da renda fixa para buscar rendimento maior no mercado
financeiro. Uma prova disso é o grande aumento de investidores na bolsa de
valores (B3), que atingiu a marca de 3 milhões de CPFs em outubro deste ano –
contingente cinco vezes maior que há três anos. Nesse processo, o setor
imobiliário é um dos mais atraentes. Em 2020, seis incorporadoras
abriram capital na bolsa (IPOs, na sigla em inglês), capitando R$ 5,2 bilhões.
São números expressivos, especialmente se recordamos que há oito anos o setor
não realizava IPO.
Há duas explicações para o retorno das incorporadoras ao mercado de
capitais. De um lado, a Selic no patamar atual de 2% ao ano – o menor da história
num país até pouco tempo acostumado a conviver nocivamente com uma taxa de dois
dígitos. O segundo fator de impulsão de IPO do setor é a melhoria da segurança
jurídica gerada pela Regulamentação do Distrato, a partir do final de 2018, o
que elevou confiança dos investidores.
Em meio a esse movimento, observa-se a aquisição de imóveis se
consolidando como alternativa de investimento atrativa. Estudo da Associação
Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC)
mostrou que um imóvel adquirido em 2010 gerou uma rentabilidade média de 15,3%
ao ano, considerando ganhos de valorização e aluguel. Ou seja, renda muito
acima do 1,4% obtida com a poupança.
O retorno sobre o capital aplicado na compra de imóveis atrai
também investidores estrangeiros. São, em geral, aplicadores dispostos a lucrar
pagando o metro quadrado no Brasil, em média, de US$ 1.344. Em 2014, a média
era de US$ 3.040. A desvalorização do real provocou uma queda de preço de cerca
de 55%. O Numbeo, maior banco de dados global sobre consumo, comparou em
outubro o metro quadrado em 500 cidades do mundo. São Paulo ocupou posição 287,
com o valor de US$ 2.084. O Rio de Janeiro ocupou a 330ª colocação, com o valor
de US$ 1.778 por metro quadrado. Em Hong Kong, líder do ranking global, o metro
quadrado custa R$ 32.000.
Já ao avaliarmos o preço dos imóveis localizados em regiões
centrais (bairros nobres e com melhor infraestrutura), o Brasil apareceu na 80ª
posição entre 103 países listados. A vizinha Argentina é a 45ª desse ranking.
Tal disparidade de preços tem ligação direta com a desvalorização do real. A
moeda brasileira foi a que mais perdeu valor neste ano: 39,6% de queda,
superando perdas verificadas em outros países emergentes – como África do Sul,
Argentina e Rússia.
A desvalorização cambial, contudo, é um fator de impulsão da
construção, um dos setores que mais geram emprego e renda no Brasil. Se no auge
da crise imobiliária nos Estados Unidos, em 2009, muitos brasileiros comparam
imóveis naquele país, aproveitando o momento positivo da nossa moeda, a
oportunidade agora está do lado de cá.
As perspectivas de crescimento e recuperação do PIB tornam a compra
de imóveis no Brasil uma excelente oportunidade para o investidor estrangeiro.
Esse investidor pode, no longo prazo, beneficiar-se tanto da recuperação do
real frente ao dólar quanto da perspectiva de valorização dos imóveis. Um
movimento estimulante para que o setor imobiliário brasileiro
siga apostando em novos empreendimentos, puxando a economia do país rumo ao
crescimento sustentável.
*Luiz Antonio França é
presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
*Artigo
publicado no portal da Revista Exame
Fonte:
https://www.abrainc.org.br/artigos/2020/11/24/a-hora-do-investidor-estrangeiro-comprar-imoveis-no-brasil/