BC surpreende, faz corte agressivo e reduz taxa para 3% ao ano
O
Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou nesta
quarta-feira, 6, um corte de 0,75 ponto percentual (p.p.) na Selic, taxa básica
de juros da economia, que foi de 3,75% a 3% ao ano.
O
colegiado indicou ainda que pode haver mais um corte na próxima reunião, em
junho, de mesmo grau.
Trata-se
do menor nível da taxa básica da economia desde 1999, quando começou o regime
de metas para a inflação. Esta é a sétima redução consecutiva no atual ciclo de
baixa iniciado em julho do ano passado.
A
decisão foi unânime e surpreendeu grande parte do mercado, que esperava um
corte menor, de 0,5 p.p, dada a trajetória recente do câmbio e da fuga de
dólares do país em função do estresse gerado pela pandemia do coronavírus. A
moeda americana depreciou mais de 20% em relação ao real desde a reunião
anterior. Além disso, há sinais de que a deterioração da política fiscal pode
ser mais persistente que o esperado.
No
comunicado, o comitê disse que dois integrantes do grupo chegaram a considerar
dar o corte todo hoje (o desta quarta e o esperado para a próxima reunião), o
que poderia levar a uma redução de 1,5 p.p. na taxa.
O
estímulo vem num momento em que os diversos setores da economia registram
retrações recordes, e grande parte dos consumidores passam a comprar apenas
bens essenciais. É por isso que o comitê diz no comunicado que “neste
momento, a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário
extraordinariamente elevado”.
“A
aceleração do pace foi justificada pela derrocada da atividade além do previsto
anteriormente e das cadentes expectativas de inflação, inclusive para 2021,
mesmo considerando uma elevação do preço da gasolina”, diz Étore Sanchez,
economista-chefe da Ativa Investimentos.
O
colegiado reforçou, no entanto, que há potenciais limitações para o grau de
ajuste adicional, como a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como
a percepção sobre sua sustentabilidade: “Para a próxima reunião, condicional ao
cenário fiscal e à conjuntura econômica, o Comitê considera um último ajuste,
não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como
reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19. No entanto, o
Comitê reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e
ressalta que novas informações sobre os efeitos da pandemia, assim como uma
diminuição das incertezas no âmbito fiscal, serão essenciais para definir seus
próximos passos.”.
No
comunicado anterior, o comitê já havia colocado a questão fiscal como possível
impeditivo para uma maior flexibilização monetária, mas “parece que pesou mais
o choque de demanda no curto prazo”, diz Mauricio Oreng, do Santander.
A
desaceleração econômica ampliada pela pandemia no mundo todo ainda não pode ser
lida nos índices de atividade locais disponíveis até março. Com isso, o comitê
ressalta ainda que os efeitos recessivos da quarentena deverão ser notadamente
superiores nos dados de abril.
Na opinião, do Itaú, porém, seria necessário um agravamento ainda mais intenso da situação fiscal e um nível ainda mais depreciado da taxa de câmbio para impedir que o Copom repita em junho a decisão de hoje. “Assim, esperamos que o banco central leve a taxa Selic para 2,25% a.a. em sua próxima reunião, patamar que deve ser mantido até o fim do ano”.
Fonte: https://exame.abril.com.br/economia/banco-central-reduz-selic-em-075-ponto-e-juros-vao-a-3-ao-ano/